Workshop promove colaboração Brasil-China na área de Mudanças Climáticas

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Pesquisadores brasileiros e chineses se reuniram na Universidade de São Paulo (USP) para um workshop sobre sustentabilidade e mudanças climáticas promovido pelo Centro de Estudos Amazônia Sustentável (CEAS) e pelo Centro USP-China. A reunião, realizada entre os dias 24 e 26 de março, contou com o apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia Chinesa de Ciências (CAS), como parte do acordo de colaboração entre as duas instituições, e deu continuidade a um debate iniciado em abril de 2024 durante reunião em Pequim.

De acordo com o climatologista Paulo Artaxo, titular da ABC, o objetivo do novo encontro foi desenhar uma estratégia de ação para futuras pesquisas colaborativas, estabelecendo as bases para buscar o financiamento necessário junto aos dois países. Dessa forma, foram definidas três linhas de pesquisa prioritárias:

A primeira foi a preservação e restauração da Amazônia. O Brasil assumiu o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares da Amazônia até 2030, mas ainda não conseguiu criar a infraestrutura necessária para apoiar esse trabalho. “Não queremos apenas reflorestar, mas recuperar os ecossistemas e a biodiversidade local. Infelizmente não temos sequer a capacidade instalada para a produção de sementes na escala em que precisamos. Enquanto isso, a China é o país no mundo que mais recuperou florestas, embora sejam florestas temperadas. Eles têm experiência com grandes projetos e isso interessa para nós”, explicou Artaxo.

Outra prioridade é a agricultura de baixo carbono. Ambos os países são continentais com grande quantidade de terra arável. Se as estimativas estiverem corretas, o planeta caminha para ter 10 bilhões de habitantes em 2050, e Brasil e China terão um papel importante no sustento dessas pessoas. “Com as mudanças climáticas, nós temos um grande problema nas mãos que é a diminuição das chuvas no Brasil central, por exemplo. Continuar desenvolvendo soluções em agricultura é algo absolutamente estratégico para os dois países”, avaliou o Acadêmico.

Por fim, mas não menos importante, foi estabelecido como prioridade a adaptação urbana às mudanças climáticas e aos eventos extremos. Durante a realização do encontro, a cidade de São Paulo encontrava-se em estado de alerta para alagamentos em decorrência das chuvas. Em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das maiores crises humanitárias de sua história por conta de enchentes. “Os chineses têm uma experiência milenar no gerenciamento dos seus grandes rios. Hoje, são modelos de aplicação do conceito ‘cidade-esponja’, planejando e alterando o ordenamento territorial para criar áreas urbanas mais permeáveis e resistentes contra enchentes. Os dois países têm muito a ganhar nessa área”, afirmou Artaxo.

Para o Acadêmico, o encontro é um exemplo de estreitamento de laços científicos com o país asiático e poderia ser repetido para outras grandes áreas de pesquisa. “Hoje a China é a maior potência científica do planeta e precisa buscar soluções para muitos problemas que também temos. Não podemos ignorá-los”.

Os participantes do encontro na USP.


(Marcos Torres para ABC)