*Artigo do Acadêmico José Eduardo Krieger para a Folha de S. Paulo.
A recente onda de taxações promovida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu o debate sobre protecionismo e comércio internacional. O Brasil, por meio de suas autoridades, posicionou-se contra essas medidas, o que, à primeira vista, pareceria coerente com os princípios de livre mercado.
No entanto, há um grave contrassenso: entre os países do G20, o Brasil é a terceira economia mais fechada, considerando a soma de importações e exportações em relação ao PIB. Criticar o protecionismo alheio enquanto se mantém um sistema ainda mais protecionista é incoerência estratégica, uma verdadeira piada pronta.
Esse paradoxo se estende ao sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação. O país já demonstrou sua capacidade inovadora em setores como o petróleo, na prospecção em águas profundas com a Petrobras; a indústria aeroespacial, com a Embraer; e o agronegócio, impulsionado pelas universidades públicas e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para transformar biomas antes considerados inóspitos em polos agrícolas produtivos.
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